segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Algumas Reflexões sobre Currículo e Educação das Relações Étnico-Raciais

O currículo realmente é um instrumento político de poder e controle social sobre a produção do conhecimento. Ele transmite visões de mundo e reproduz valores que são responsáveis pela formação de identidades individuais e sociais. A escolha dos conteúdos curriculares seja conceituais, temáticos ou de valores morais passam por essas relações.
No cotidiano o que podemos constatar é que os currículos escolares continuam omitindo informações sobre a presença e participação dos negros na história do Brasil, pois isso é de interesse da classe dominante, haja visto que os alunos pretos ou pardos são ainda os que possuem os mais baixos rendimentos escolares. Observamos no cotidiano pouca atenção à valorização dos negros no currículo: os trabalhos propostos na escola que falam do povo africano estão restritos às comemorações de 13 de maio e 20 de novembro, e “não se fala mais nisso”. O negro e o mestiço se sentem inferiorizados neste ambiente escolar onde sua imagem é omitida ou mostrada de maneira negativa como falta de prestígio social e histórico.
Os livros didáticos tratam ainda de maneira superficial essas questões étnico-raciais e não há destaque do negro em cartazes em sala de aula.
Percebemos também, ainda que camuflados, o preconceito racial entre colegas e entre professores e alunos, através de valores morais explicitados nos olhares, gestos, apreciações e repreensões de condutas, aproximações e repulsas de afetos, legitimações e indiferenças em relação a atitudes, escolhas e preferências. Estes alunos negros e mestiços são submetidos dessa forma a uma violência simbólica em suas experiências escolares.
São questões pouco discutidas pelos professores nas escolas, geralmente. Essas questões são tratadas como se não existissem em nosso ambiente escolar. Silenciamos. Ou por não sabermos como tratá-las ou por sermos coniventes com a idéia de que o branco é realmente superior. Em geral, a escola tem dificuldade no trato com as diferenças, nossa mentalidade é ainda a mentalidade do colonizador.

Josué Geraldo Botura do Carmo, texto disponível em:

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