domingo, 30 de dezembro de 2012

Entrevista de Kabengele Munanga à Carta Capital


"CC: Quem não assume a descendência negra introjeta o racismo?


KM: Isso tem a ver com o que chamamos de alienação. Por causa da ideologia racista, da inferiorização do negro, há aqueles que alienaram sua personalidade negra e tentam buscar a salvação no branqueamento. Isso não significa que elas sejam racistas, mas que incorporaram a inferioridade e alienaram a sua natureza humana." (...)


Quer mais?
Leia a entrevista completa no link: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-educacao-colabora-para-a-perpetuacao-do-racismo/

sábado, 29 de dezembro de 2012

Balanço 2012


Fim de 2012...
Um ano de novidades para o blog: página no Facebook, perfil no Twitter, utilização de novas ferramentas e a felicidade de ter mais retorno das pessoas que o seguem ou leem eventualmente.
Estudantes usaram o blog para pesquisar textos e referências para seus trabalhos de conclusão de curso na graduação: sinal de que o tema da Educação das Relações Raciais vem sendo mais discutido, mais pesquisado e que a Academia, querendo ou não, vai ter de preparar melhor seus professor@s orientador@s para que @s estudantes consigam desenvolver boas pesquisas.
A correria com o início do mestrado não permitiu maior regularidade na periodicidade das postagens, mas acredito, sinceramente, que em 2013 o blog possa ser usado de fato como meio de divulgação das fontes, dados, questionamentos e considerações do meu processo de pesquisa. E espero continuar com o espaço para postagens minhas e divulgação de referências e textos significativos de outr@s autor@s.
Um 2013 sensacional a tod@s e que no ano em que a Lei nº 10.639/03 completará 10 anos, nós possamos ter mais glórias a destacar no blog do que insuficiências e descasos quanto à sua implementação.
Saudações,
Regina Maria
Dezembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Educação das relações étnico-raciais - Rede do Saber

Tem uma videoconferência acontecendo agora na Rede do Saber (rede estadual - SP) sobre Educação das Relações Étnico-Raciais, mas dá pra assistir o conteúdo depois: http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/Not%C3%ADciasConte%C3%BAdo/tabid/369/language/pt-BR//IDNoticia/1396/Default.aspx

sábado, 10 de novembro de 2012

Trabalho pedagógico sobre Consciência Negra

A Revista Nova Escola apresenta como conteúdo de seu site: http://revistaescola.abril.com.br/consciencia-negra/ conteúdo referente às possibilidades de trabalho envolvendo o tema Consciência Negra. No entanto, cabe lembrar que para implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08 não basta trabalhar sobre os indígenas em abril e sobre os negros em novembro e, talvez, em maio, mas estes conteúdos devem integrar-se ao currículo escolar da Educação Básica, com maior ênfase nas áreas de História do Brasil, Literatura e Arte, o que não impede que sejam desenvolvidas propostas em Ciências, Matemática, Língua Portuguesa como um todo, Geografia e Educação Física. Deve-se evitar ações pontuais, somente ligadas às datas comemorativas, mas atividades contextualizadas. 

Vale conferir o conteúdo do site! Bom trabalho!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lançamentos de publicações na 35ª Reunião da ANPED - Educação e Relações Étnico-Raciais

A 35ª Reunião da ANPED (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) aconteceu de 21 a 24 de outubro de 2012 em Porto de Galinhas - PE (http://35reuniao.anped.org.br/) e trouxe alguns lançamentos importantes de publicações na área de Educação e Relações Étnico-Raciais da Editora Nandyala.

Segue link para conferir: http://www.ceert.org.br/outubro12_02.php?id=885

Uma das publicações celebra os 10 anos do GT 21 da ANPED  - Educação e Relações Étnico-Raciais:


VALENTIM, Silvani dos Santos; PINHO, Vilma Aparecida de; GOMES,
Nilma Lino.  Relações étnico-raciais, educação e produção do
conhecimento: 10 anos do GT 21 da ANPED, Belo Horizonte: Nandyala
Editora, 2012


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Educação das relações étnico-raciais na escola - parte II

Em 2012, 124 anos de abolição formal não foram suficientes para destruir as barreiras forjadas pelo escravismo e pelo racismo permitindo que, assim, as populações negras promovam a continuidade de suas histórias e culturas e o ensinamento de suas visões de mundo. žOs espaços de poder não mostram a população negra em sua representatividade:

População negra: 51,1% (a saber, 6,9% pretos e 44,2% pardos) (IBGE, 2009)

É comum ouvirmos ainda que o Brasil vive uma democracia racial, tese que já foi devidamente desconstruída por muitos sociólogos, mas que continua sendo propagada em alguns meios com interesses escusos. 
Nos principais times de futebol e outros esportes, nos programas de música, vemos que a presença do negro é mais frequente e tolerada do que em outros espaços. Por exemplo, ninguém se incomoda se o craque da Seleção Brasileira for um jogador negro, o Neymar, por exemplo. Mas algumas pessoas mostram-se desconfortáveis ao se depararem com negros em cargos de liderança em empresas, como advogados, médicos, enfim... São espaços em que a presença negra é menor, dado o processo de racismo e suas implicações na sociedade, mas quando se mostra, incomoda e causa desconfiança a alguns. 
Há pouco tempo, uma jornalista causou polêmica ao declarar com todas as letras em blog que não queria ser atendida por um advogado negro ou um dentista negro, por exemplo, pois havia a possibilidade de eles terem sido estudantes universitários cotistas, o que, para ela, denota incapacidade. 
Ora! Nem as cotas raciais nas universidades terão como consequência a formação de profissionais incompetentes, já que o currículo, os recursos didáticos, a infraestrutura, a avaliação e os professores serão os mesmos dos outros estudantes, não-negros e não-cotistas, correto? E nem há pressuposto para argumentar que o estudante cotista tem menos condições intelectuais de formar-se com o mesmo louvor que os outros, já que o que barra o ingresso igualitário de negros e brancos no ensino superior não é o aspecto cognitivo, mas o abismo social consequente do racismo que, no Brasil, é institucional e, hipocritamente, aceito por grande parcela da população que tem a coragem de considerar a necessidade de ações afirmativas para ter seus direitos garantidos, um privilégio!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Relato referente ao I Seminário Regional de Monitoramento da Implementação das Leis 10.636/03 e 11.645/08 no Grande ABC

        O seminário aconteceu no dia 31/08/2012, no Centro de Formação dos Profissionais da Educação (CENFORPE), no Jardim Planalto, em São Bernardo do Campo, das 8h30 às 17h. O evento foi realizado pelo GT Igualdade Racial e GT Educação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e teve em sua abertura uma apresentação de dança afro de alunos participantes de um projeto em uma EMEB de São Bernardo do Campo. Excelente apresentação, por sinal!
A mesa de abertura foi composta pelas secretárias de Educação das sete cidades do Grande ABC, como Cleide Bauab Eid Bochixio, de Santo André, Cleusa Repulho, de São Bernardo do Campo e Márcia dos Santos, de Diadema (que também é Coordenadora do GT Educação do Consórcio) e/ou representantes, como no caso de São Caetano do Sul, além do Coordenador do GT Igualdade Racial do Consórcio, Leon Santos Padial. Havia uma dirigente do sindicato das escolas particulares do ABC, mas nenhum representante da rede estadual esteve presente, apesar do convite.
Após breve fala de cada membro, a atividade teve sequência com a mesa “Desafios e Perspectivas para a Implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 no Cotidiano Escolar”, com as Profº Dra. Rosângela Malachias (NEINB/USP) e Profª Doutoranda Gilda Sabas Souza (PUC – SP).
A fala de Gilda Souza não acrescentou muito. O papel dela seria abordar o tema na perspectiva da história e cultura indígena, sendo ela uma representante dos pankarás (ela é afro-indígena), mas fez um relato da descoberta de sua identidade e as dificuldades que enfrentou para isso, se emocionou, mas pouco falou sobre o desafio da implementação da lei 11.645/08.
Já a fala da Profª Rosângela Malachias foi bem pertinente. Tratou sobre alguns objetivos centrais: a importância da formação para docentes e equipes gestoras para compreensão das leis em questão, a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino de História e da Cultura Afro-Brasileira, assim como o desenvolvimento de metodologias específicas para a promoção da igualdade racial e de gênero nas escolas. Pontuou o conceito de raça como construção social e alertou sobre o extermínio da população negra jovem.
Outro ponto significativo é que a contribuição africana para a humanidade não pode ser apresentada restringindo-se à cultura, o ritmo, a dança, como muitos educadores fazem equivocadamente, mas atentando-se para o seu protagonismo no desenvolvimento tecnológico universal (metalurgia, matemática, mineração, agricultura, dentre outros aspectos). Educar para a educação das relações étnico-raciais traz como princípios: consciência política e histórica da diversidade, fortalecimentos de identidades de direito e ações educativas de combate ao racismo e às discriminações, muito bem apontado pela profª Rosângela, que apresentou como pilares da educação: APRENDER A CONVIVER, CONHECER, FAZER E SER em movimento cíclico.
No período da tarde, os participantes foram divididos em grupos para discutir alguns temas, como Formação Inicial e Continuada, Avaliação e Monitoramento, Material Didático e Paradidático, dentre outros. Havia um expositor e um facilitador, para que depois elencássemos desafios e propostas para a implementação da lei de acordo com o tema do grupo. Estive no grupo que tratou de Material Didático e Paradidático com o expositor professor Amir, do Colégio Piaget, que fez um relato de prática e a facilitadora, Eliad Dias dos Santos que apresentou as ações pertinentes às unidades escolares, secretarias municipais e estaduais de educação. Após a socialização de todos os grupos no auditório, senti falta de que os gestores municipais (secretárias de educação e representantes) estivessem presentes para firmar um compromisso oficial a partir das propostas elencadas.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Educação Infantil e Igualdade Racial (CEERT)

Siga o link para publicações e faça o download de:

  • Práticas Pedagógicas para a Igualdade Racial na Educação Infantil, CEERT, 2012
  • Educação Infantil, igualdade racial e diversidade: aspectos políticos, jurídicos, conceituais, CEERT, 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Seminário de monitoramento das leis 10.639/03 e 11.645/08

"O GT Igualdade Racial, em parceria com o GT Educação, realizam o “I Seminário Regional de Monitoramento da Implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 no Grande ABC”, no dia 31 de agosto. A iniciativa visa promover a discussão sobre os desafios que comprometem a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08 nas unidades escolares e estimular os profissionais de educação e a sociedade civil na busca de soluções inovadoras para a valorização da diversidade étnico-racial no cotidiano escolar. O seminário acontecerá no Centro de Formação dos Profissionais da Educação “Ruth Cardoso” (Cenforpe), em São Bernardo do Campo".


Fonte: http://www.consorcioabc.sp.gov.br/grupos-de-trabalho/atividades-dos-gts/seminario-discutira-valorizacao-da-diversidade-etnico-racial-nas-escolas-reuniao-em-26-07-12/view





Educação das relações étnico-raciais na escola - parte I


Tendo em vista a educação como um direito social e parte do processo de desenvolvimento humano, a escola figura como o espaço institucional responsável pela abordagem pedagógica do conhecimento.

“... as práticas educativas que se pretendem iguais para todos acabam sendo as mais discriminatórias. Essa afirmação pode parecer paradoxal, mas, dependendo do discurso e da prática desenvolvida, pode-se incorrer no erro da homogeneização em detrimento do reconhecimento das diferenças”. (GOMES, 2001)

      Deste modo, há necessidade de medidas e políticas diferenciadas para que os mesmos direitos sejam garantidos a todos, dadas às distintas trajetórias de vida, muitas vezes, determinadas pela cor da pele.
      Algumas ideias elementares precisam estar bem demarcadas, pois são fundamentais para definir a concepção da qual o sujeito parte para a compreensão da realidade:
·         A humanidade e a civilização surgem no continente africano;
·         Os primeiros seres humanos foram negros;
·         A história dos africanos não tem início com a escravidão colonial;
·         Os africanos contribuíram e contribuem para o desenvolvimento humano universal;
·         A Lei Áurea, assinada em 1888, não significou liberdade plena imediata e a ausência de políticas públicas para inserção do negro na sociedade criou os primeiros marginalizados (uma grande massa de crianças abandonadas, desempregados etc.).


Referência: Nilma Lino Gomes (UFMG)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Plano Nacional de Educação 2011-2020

Segue link para acessar o projeto de lei na íntegra. Importante, pois vai nortear todas as ações na área de Educação nesse decênio: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16478&Itemid=1107

domingo, 17 de junho de 2012

17 de junho - Fim das leis do Apartheid

17 DE JUNHO - TRIUNFO DA LUTA NEGRA - FIM DAS LEIS DO APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL (1991)


‎"Fecham minha boca
Mas deixam abertos os meus olhos
Maltratam meu corpo
Minha consciência se purifica
Eu fujo das mãos
Do maldito senhor!" (Solano Trindade)

domingo, 10 de junho de 2012

Lançamento de publicação sobre educação das relações raciais

A obra chama-se "Culturas Africanas e Afro-Brasileiras em Sala de Aula", Renata Felinto; Editora: Fino Traço (MG)
Segue link para maiores informações e para aquisições: http://www.finotracoeditora.com.br/app/webroot/index.php/site/show_detalhe/137

Ciência e tecnologia - matrizes africanas

Artigo sobre Ciência e Tecnologia a partir das matrizes africanas - Fonte: A Cor da Cultura

Siga o link: http://www.acordacultura.org.br/artigo-14-12-2011

segunda-feira, 30 de abril de 2012

OS 10 MITOS SOBRE AS COTAS


1- as cotas ferem o princípio da igualdade, tal como definido no artigo 5º da Constituição, pelo qual “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. São, portanto, inconstitucionais.
Na visão, entre outros juristas, dos ministros do STF, Marco Aurélio de Mello, Antonio Bandeira de Mello e Joaquim Barbosa Gomes, o princípio constitucional da igualdade, contido no art. 5º, refere-se a igualdade formal de todos os cidadãos perante a lei. A igualdade de fato é tão somente um alvo a ser atingido, devendo ser promovida, garantindo a igualdade de oportunidades como manda o art. 3º da mesma Constituição Federal. As políticas públicas de afirmação de direitos são, portanto, constitucionais e absolutamente necessárias.
2- as cotas subvertem o princípio do mérito acadêmico, único requisito que deve ser contemplado para o acesso à universidade.
Vivemos numa das sociedades mais injustas do planeta, onde o “mérito acadêmico” é apresentado como o resultado de avaliações objetivas e não contaminadas pela profunda desigualdade social existente. O vestibular está longe de ser uma prova equânime que classifica os alunos segundo sua inteligência. As oportunidades sociais ampliam e multiplicam as oportunidades educacionais.
3- as cotas constituem uma medida inócua, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país.
É um grande erro pensar que, no campo das políticas públicas democráticas, os avanços se produzem por etapas seqüenciais: primeiro melhora a educação básica e depois se democratiza a universidade. Ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente de forma simultânea.
4- as cotas baixam o nível acadêmico das nossas universidades.
Diversos estudos mostram que, nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino. Universidades que adotaram cotas (como a Uneb, Unb, UFBA e UERJ) demonstraram que o desempenho acadêmico entre cotistas e não cotistas é o mesmo, não havendo diferenças consideráveis. Por outro lado, como também evidenciam numerosas pesquisas, o estímulo e a motivação são fundamentais para o bom desempenho acadêmico.
5- a sociedade brasileira é contra as cotas.
Diversas pesquisas de opinião mostram que houve um progressivo e contundente reconhecimento da importância das cotas na sociedade brasileira. Mais da metade dos reitores e reitoras das universidades federais, segundo ANDIFES, já é favorável às cotas. Pesquisas realizadas pelo Programa Políticas da Cor, na ANPED e na ANPOCS, duas das mais importantes associações científicas do Brasil, bem como em diversas universidades públicas, mostram o apoio da comunidade acadêmica às cotas, inclusive entre os professores dos cursos denominados “mais competitivos” (medicina, direito, engenharia etc). Alguns meios de comunicação e alguns jornalistas têm fustigado as políticas afirmativas e, particularmente, as cotas. Mas isso não significa, obviamente, que a sociedade brasileira as rejeita.
6- as cotas não podem incluir critérios raciais ou étnicos devido ao alto grau de miscigenação da sociedade brasileira, que impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.
Somos, sem dúvida nenhuma, uma sociedade mestiça, mas o valor dessa mestiçagem é meramente retórico no Brasil. Na cotidianidade, as pessoas são discriminadas pela sua cor, sua etnia, sua origem, seu sotaque, seu sexo e sua opção sexual. Quando se trata de fazer uma política pública de afirmação de direitos, nossa cor magicamente se desmancha. Mas, quando pretendemos obter um emprego, uma vaga na universidade ou, simplesmente, não ser constrangidos por arbitrariedades de todo tipo, nossa cor torna-se um fator crucial para a vantagem de alguns e desvantagens de outros. A população negra é discriminada porque grande parte dela é pobre, mas também pela cor da sua pele. No Brasil, quase a metade da população é negra. E grande parte dela é pobre, discriminada e excluída. Isto não é uma mera coincidência.
7- as cotas vão favorecer aos negros e discriminar ainda mais aos brancos pobres.
Esta é, quiçá, uma das mais perversas falácias contra as cotas. O projeto atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, PL 73/99, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, favorece os alunos e alunas oriundos das escolas públicas, colocando como requisito uma representatividade racial e étnica equivalente à existente na região onde está situada cada universidade. Trata-se de uma criativa proposta onde se combinam os critérios sociais, raciais e étnicos. É curioso que setores que nunca defenderam o interesse dos setores populares ataquem as cotas porque agora, segundo dizem, os pobres perderão oportunidades que nunca lhes foram oferecidas. O projeto de Lei 73/99 é um avanço fundamental na construção da justiça social no país e na luta contra a discriminação social, racial e étnica.
8- as cotas vão fazer da nossa, uma sociedade racista.
O Brasil esta longe de ser uma democracia racial. No mercado de trabalho, na política, na educação, em todos os âmbitos, os/as negros/as têm menos oportunidades e possibilidades que a população branca. O racismo no Brasil está imbricado nas instituições públicas e privadas. E age de forma silenciosa. As cotas não criam o racismo. Ele já existe. As cotas ajudam a colocar em debate sua perversa presença, funcionando como uma efetiva medida anti-racista.
9- as cotas são inúteis porque o problema não é o acesso, senão a permanência.
Cotas e estratégias efetivas de permanência fazem parte de uma mesma política pública. Não se trata de fazer uma ou outra, senão ambas. As cotas não solucionam todos os problemas da universidade, são apenas uma ferramenta eficaz na democratização das oportunidades de acesso ao ensino superior para um amplo setor da sociedade excluído historicamente do mesmo. É evidente que as cotas, sem uma política de permanência, correm sérios riscos de não atingir sua meta democrática.
10- as cotas são prejudiciais para os próprios negros, já que os estigmatizam como sendo incompetentes e não merecedores do lugar que ocupam nas universidades.
Argumentações deste tipo não são freqüentes entre a população negra e, menos ainda, entre os alunos e alunas cotistas. As cotas são consideradas por eles, como uma vitória democrática, não como uma derrota na sua auto-estima, ser cotista é hoje um orgulho para estes alunos e alunas. Porque, nessa condição, há um passado de lutas, de sofrimento, de derrotas e, também, de conquistas. Há um compromisso assumido. Há um direito realizado. Hoje, como no passado, os grupos excluídos e discriminados se sentem mais e não menos reconhecidos socialmente quando seus direitos são afirmados, quando a lei cria condições efetivas para lutar contra as diversas formas de segregação. A multiplicação, nas nossas universidades, de alunos e alunas pobres, de jovens negros e negras, de filhos e filhas das mais diversas comunidades indígenas é um orgulho para todos eles.

Fonte: Laboratório de Políticas Públicas/ UFMG
http://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=53

quarta-feira, 25 de abril de 2012


Veja a lista de obras de literatura afro-brasileira para crianças indicadas pela professora e pesquisadora Lucilene Costa e Silva:
A serpente de Olumo – Ieda de Oliveira – Ed Cortez Editora
ABC do continente africano –Rogério A. Barbosa – Ed. SM
Anansi, o velho sábio – Um conto Axanti recontado por Kaleki – Ed Companhia das Letrinhas
Ao sul da África – Laurence Questin – Catherine Reisser – Companhia das Letrinhas
Betina – Nilma Lino Gomes – Mazza Edições
Brinque- Book conta fabulas – Bob Hortman e Susie Poule
O Cabelo de Lelê – Valéria Belém – Ibep Nacional
Chuva de Manga – James Rumford – Ed brinque Book
O dia em que Ananse espalhou a sabedoria pelo mundo – Eraldo Miranda – Editora Elementar
Doce princesa Negra- Solange Cianni- Ed-L.G.E 
Era uma vez na África – Jean Angelles – Ed. LGE
Euzebia Zanza – Camila Fillinger – Ed Girafinha
O funil Encantado - Jonas Ribeiro - Ed Dimensão
Gente que mora dentro da gente-Jonas Ribeiro-Ed Dimensão
Histórias da Preta – Heloisa Pires Lima –Ed. Companhia das Letrinhas
Ifá, o advinho; Xango, o Trovão; Oxumarê, o Arco-iris – Raginaldo Prandi – Ed. Companhia das Letrinhas 
Krokô e Galinhola – Um conto africano por Mate – Ed brinque Book
O livro da paz-Todd Parr- Ed Panda-Book
Lendas Africanas. E a força dos tambores cruzou o mar - Denise Carreira - Ed. salesiana
O mapa – Marilda Castanha – Ed. Dimensão
Meia dura de sangue seco – Lourenço Cazarré – Ed. LGE
Na minha escola todo mundo é igual - Rossana Ramos e Priscila Sanson - Ed Cortez
Nina África – Lenice Gomes, Arlene Holanda e Clayson Gomes – Ed. elementar
A noite e o Maracatu – Fabiano dos Santos – Ed Edições Demócrito Rocha
Orelhas de Mariposa - Luiza Aguilar e Andre Neves-Ed Callis
O presente de Ossanha – Joel Rufino dos Santos- Ed. Global
Por que somos de cores diferentes? – Carmem Gil- Ed girafinha
Que mundo maravilhoso – Julius Lester e Joe Cepeda – Ed Brinque Book
Sergio Capparelli – Ed. Global
Tem gente com fome – Solano Trindade Ed. Nova Alaxandria
Os tesouros de Monifa – Sonia Rosa – Ed Brinque-Book
Todas as crianças da terra – Sidónio Muralha –Ed Global
Uma menina e as diferenças – Maria de Lourdes Stamato de Camilis-Ed Biruta
Viver diferente – Lilian Gorgozinho – Ed L.G. E Editora

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Biografia - Zumbi

Zumbi foi o símbolo da resistência negra contra a escravidão e o último chefe do Quilombo dos Palmares, localizado na parte superior do rio São Francisco, na Serra da Barriga, antiga capitania de Pernambuco (atualmente Alagoas).


Não se conhece a data exata de seu nascimento. Com poucos dias de vida Zumbi foi capturado na região de Palmares pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e dado de presente ao padre Antônio Melo, em Porto Calvo. Batizado com o nome de Francisco, cresceu aprendendo latim e português. Aos 15 anos fugiu para Palmares e adotou o nome Zumbi, que significava guerreiro.



Logo passou a comandar militarmente o quilombo, governado por Ganga Zumba. Em 1678, provocou uma guerra civil no quilombo. Assumiu o lugar do líder e chefiou a resistência contra os portugueses, que durou 14 anos.



No final do século 16, as terras pernambucanas eram as mais prósperas das novas colônias portuguesas. Havia 66 grandes engenhos na região e, no litoral, uma estrutura que permitia o escoamento dos produtos. A cidade do Recife ficava a cada dia mais organizada. Foi nessa época que Palmares surgiu, quando os primeiros negros ali se refugiaram. Desde então, o mito em torno do quilombo havia crescido. Tinha leis próprias, algumas bastante rígidas.



Em 1630, as autoridades pernambucanas calculavam que o quilombo de Palmares contava com uma população superior a 3 mil pessoas que viviam da agricultura. Em uma crônica de 1678 já se contava que os palmarinos eram em número de 20 mil, ou talvez mais. Não era uma cidade, na metade do século 17, mas reunia onze povoados.



Macaco, na Serra da Barriga, era a capital. Possuía 1.500 casas, e uma população de cerca de 8 mil pessoas. Amaro tinha 5 mil habitantes e uma estrutura bem organizada. Outros povoados eram Subupira, Zumbi, Tabocas, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche...



A Coroa já tinha dado a ordem de acabar com o quilombo. Para destruí-lo, o poder colonial organizou 16 expedições oficiais. Quinze fracassaram devido à região montanhosa e às estratégias militares dos negros, embora fossem carente de armas. A expedição vitoriosa ficou a cargo de Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista treinado na caça aos índios. Comandou um exército de 2 mil homens, armados de arcos, flechas e espingardas.



Em 1694, chegou a Macaco, descarregando contra a comunidade todo o seu poder de fogo. A cidade resistiu durante 22 dias. Zumbi, depois de lutar bravamente, fugiu e se escondeu. Foi capturado e morto em 20 de novembro de 1695, depois de ter sido traído por companheiros. Seu corpo foi mutilado e a cabeça enviada para o Recife, onde ficou exposta em praça pública.



Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/zumbi.jhtm