A partir de uma "tempestade de ideias" (brainstorm), vemos que aparecem muitas referências à parte cultural da África, mas também ao aspecto da resistência. No caso de hoje, na aula sobre Introdução aos estudos das civilizações africanas", um público de professores, militantes e outros, porém, todos dedicados a compreender mais sobre esse continente e sua história, todas as referências à África foram positivas: cultura, arte, ancestralidade, raízes. Contudo, sabemos que em qualquer outro contexto, as respostas à pergunta "O que a África lhe remete?" seriam: doença, fome, guerra, etc.
POR QUÊ???
Há um conjunto de fatores que não podem ser dissociados: formação de estereótipos por falta de informação e conhecimento, deturpação dos meios de comunicação, lacunas graves no ensino (atividades pontuais no 13 de maio e 20 de novembro), gerando a falsa compreensão de que tanto a História da África como a do Brasil tiveram início a partir do colonialismo do século XVI e que os negros só exerceram o papel de escravos subjugados. Interessa a quem mantém o status quo que um continente que possui cerca de 38 dos 45 recursos básicos para a manutenção do capitalismo seja protagonista de sua história? Ou é melhor que este continente tenha sua população coisificada, destituída de subjetividade e intelectualidade e diminuída à resolução de seu caos social: as guerras internas(financiadas por quem?), a fome, a péssima distribuição de renda, o assalto aos seus recursos naturais, a difusão de doenças... Entretanto, algumas fontes de desinformação agem com uma intencionalidade. Ou seja, essa deturpação, ocultação e alienação de fatos históricos importantes e contextualizados atendem a interesses bem demarcados. Em alguns momentos servem para justificar algumas ações, como o caso da desqualificação dos africanos como sujeitos históricos, como seres humanos, até... O colonialismo aliado à Igreja Católica justificou a dizimação de indígenas e africanos: povo sem alma, atrasado... E a Ciência corroborou!
Contudo, não podemos cair nas armadilhas, continuar ignorando a "África verdadeira" (Moore)e acreditar que a África (ou as Áfricas)reduz-se à música, à dança, à alegria. Como em todo lugar, o conflito se faz presente! Assim como as complexidades epistemológicas (muito bem explicado pelo professor Deivison). Se a cultura é viva, sendo continuamente reconstruída e ressignificada de acordo com os múltiplos contextos, faz-se urgente propor o enfrentamento entre a África Maldita (a dos estereótipos das guerras, da fome, da AIDS) e a África Perfeita (a dos estereótipos das danças, músicas, rituais) - pois nenhuma das duas existe. Pra deixar bem explícito: tudo isso está presente, porém, nem só uma coisa, nem só outra, mas a complexidade, o conflito, a convivência da razão,da emoção,do lúdico,da tecnologia,da oralidade,do conhecimento científico,enfim, o início da civilização humana se deu na África, logo, as contradições humanas estão presentes com grande força não sendo possível fazer generalizações.
As dificuldades no estudo da África devem-se também à grande extensão do continente, à diversidade decorrente disso no que se refere ao clima, vegetação, flora, fauna, topografia,modo de ocupação e organização social, só pra citar alguns exemplos. Além do que, por ser o continente africano o verdadeiro berço da humanidade (o primeiro Homo sapiens sapiens foi encontrado lá) há uma margem de tempo histórico muito maior pra ser desvelado e contado. É verdade! A história nesse continente realmente não começou quando os europeus pisaram lá (só pra ficar bem claro!)...
Sei que é difícil pensar: como vou usar o conhecimento que estou construindo sobre a História da África para os meus alunos?
Seja como for, é preciso ampliar os horizontes dos nossos alunos. Sem medo! Não dá pra esperar que alguém faça por nós! Um começo pode ser o de diagnosticar quais são os conhecimentos que eles tem construídos sobre a África... Não é isso que as correntes pedagógicas apontam? Necessidade de partir dos conhecimentos prévios dos alunos para construir novos? Então, é um caminho que pode ser trilhado e, a partir desse primeiro levantamento, é possível traçar um planejamento para construção e reconstrução de saberes. Mas nós, professores, teremos que manter esse movimento de aprender mais sobre o continente africano, sobre nossa própria história, aliás. Esse vai ser o catalizador das mudanças nos espaços escolares e com as nossas experiências é que vamos aprender como fazer. Não há receita! Deve haver compromisso e iniciativa!
Nos próximos dias, vou relatar algumas experiências que tive com alunos do Ensino Fundamental I. Não são experiências-modelo, foram iniciativas que deram resultado e serviram, inclusive, para que além dos meus alunos, eu mesma aprendesse sobre a minha prática de ser professora (com os erros, os acertos) e firmasse comigo mesma o compromisso de não esperar que a mudança venha de cima ou de fora. Mas de fazê-la acontecer!
Estive presente nesta aula e vejo que temos várias pessoas educadores ou não interessado no curso e também a presença da diversidade, nos mostra como a africanidade está presente em todos aqui no Brasil.
ResponderExcluirOs esterotipos infelizmente esta presente tanto a imagem negativada quado o excesso de positivismo. Cabe a nós professores o que iremos mostrar a nossos alunos, qual Africa vai ficar na cabelça deles a das mazelas, dos encantos ou a verdadeira África, assim como todos seus continente sovre o mal do capitalismos e seus interesses.