Em 2012, 124 anos de abolição formal não foram suficientes para destruir as barreiras forjadas pelo escravismo e pelo racismo permitindo que, assim, as populações negras promovam a continuidade de suas histórias e culturas e o ensinamento de suas visões de mundo. Os espaços de poder não mostram a população negra em sua representatividade:
População negra: 51,1% (a saber, 6,9% pretos e 44,2% pardos) (IBGE, 2009)
É comum ouvirmos ainda que o Brasil vive uma democracia racial, tese que já foi devidamente desconstruída por muitos sociólogos, mas que continua sendo propagada em alguns meios com interesses escusos.
Nos principais times de futebol e outros esportes, nos programas de música, vemos que a presença do negro é mais frequente e tolerada do que em outros espaços. Por exemplo, ninguém se incomoda se o craque da Seleção Brasileira for um jogador negro, o Neymar, por exemplo. Mas algumas pessoas mostram-se desconfortáveis ao se depararem com negros em cargos de liderança em empresas, como advogados, médicos, enfim... São espaços em que a presença negra é menor, dado o processo de racismo e suas implicações na sociedade, mas quando se mostra, incomoda e causa desconfiança a alguns.
Há pouco tempo, uma jornalista causou polêmica ao declarar com todas as letras em blog que não queria ser atendida por um advogado negro ou um dentista negro, por exemplo, pois havia a possibilidade de eles terem sido estudantes universitários cotistas, o que, para ela, denota incapacidade.
Ora! Nem as cotas raciais nas universidades terão como consequência a formação de profissionais incompetentes, já que o currículo, os recursos didáticos, a infraestrutura, a avaliação e os professores serão os mesmos dos outros estudantes, não-negros e não-cotistas, correto? E nem há pressuposto para argumentar que o estudante cotista tem menos condições intelectuais de formar-se com o mesmo louvor que os outros, já que o que barra o ingresso igualitário de negros e brancos no ensino superior não é o aspecto cognitivo, mas o abismo social consequente do racismo que, no Brasil, é institucional e, hipocritamente, aceito por grande parcela da população que tem a coragem de considerar a necessidade de ações afirmativas para ter seus direitos garantidos, um privilégio!
Nós ainda vivemos presos a ditaduras, a da beleza, a do dinheiro, a da imagem social e a do racismo. O que nos liberta de toda e qualquer força ideológica é a Educação que nos faz raciocinar sobre os fatos entendendo todos os pontos. Infelizmente não é interesse que a população seja sábia o bastante e hoje em dia se formam em universidades pessoas com diplomas mas não com conhecimento, veja o caso da professora universitária do Pará. A raça, ou qualquer outra característica do ser humano está sempre acima a sua intelectualidade, enquanto as pessoas não exercerem a função de pensar, deixando para terceiros, nós só compraremos idéias e ainda teremos discussões tão primárias em pauta.
ResponderExcluirA ditadura racial existe, não é ficção. Temos que nos empoderar de conhecimentos e invadir espaços pra que não sejamos apenas "Neymares" (este nem se considera negro) e passarmos a ser "Joaquims Barbosa".
ResponderExcluirMumu Silva
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